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terça-feira, 2 de abril de 2013

Depois de Lúcia (2012): o sofrimento por trás do bullying.


Cineasta Michel Franco se inspira em experiências pessoais para construir um drama premiado em Cannes.


 Depois de ter passado por diversos festivais, chega ao Brasil o filme que tem como tema uma dos assuntos mais polêmicos abordados pelos jovens hoje, o bullying. Dirigido por Michel Franco e vencedor da mostra Un certain regard no Festival de Cannes 2012, o mexicano “Depois de Lúcia”, conta a história de Alejandra (Tessa Ia) que, com a morte de sua mãe, Lúcia (que não aprece, mas que dá nome ao filme) vai morar com o pai, Roberto (Gonzalo Veiga Jr.) em uma nova cidade para recomeçar a vida após a tragédia que se abateu na família.

A moça de 15 anos começa a frequentar a nova escola e logo faz amizades. Porém, durante uma festa, ela se envolve sexualmente com um colega de classe gerando um grande alvoroço entre os amigos, se tornando assim alvo de piadas pela escola. Envergonhada, a menina não conta nada para o pai, que passa por uma profunda depressão, e, à medida que a violência toma conta da vida dos dois, eles se afastam cada vez mais, com a menina sofrendo torturas físicas e psicológicas.

Atualmente, o bullying é foco de debates na mídia e escolas no mundo, mas durante o longa é possível perceber que tal agressão vai além das brincadeiras exageradas entre alguns jovens. O machismo e a falta de abertura para um diálogo mostra uma triste realidade que, não só os jovens do México, mas todos que passam por situações semelhantes sofrem em silêncio. Muitas vezes, autoridades e familiares não reparam na mudança e nas consequências geradas por esses abuso, como depressão, síndrome do pânico, baixa auto estima e os nítidos problemas de alimentação e estresse.

O diretor Michel Franco não poupa nas cenas em que Alejandra sofre com a rejeição dos amigos. A ausência da trilha sonora e as cenas realistas podem gerar comparação com um documentário, levando o espectador a se comover com a situação que se encontra a garota. A crueldade dos colegas é brutal, visto que, por um motivo torpe, Alejandra passa por torturas e humilhações daqueles que se diziam seus amigos e, como aparentes “donos da verdade”, a tratam com indiferença e a julgam como uma “prostituta barata”.

O impressionante é que em pouco tempo toda a escola está contra Alejandra, tornando a sua permanência no local uma tortura constante por todos os lados. Ninguém ao redor da moça percebe o que se passa com ela. O pai, devido à tristeza com a morte da esposa, não nota o sofrimento da filha. Professores , funcionários e autoridades não se preocupam e preferem acobertar o bullying sofrido pela aluna e levar a situação como uma simples implicância passageira.

Durante toda a história, o longa é conduzido para se levar uma reflexão sobre a postura da sociedade e alertá-la sobre os problemas enfrentados pelos jovens, além de ter um desfecho inesperado que surpreende o espectador. Acompanhar o ponto de vista de uma pessoa que sofre bullying nos faz perceber como pode afetar a vida de alguém de forma concreta e permanente, sendo necessária uma atenção especial da sociedade sobre o assunto.

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Adriana Cruz é formada em Relações Públicas pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM), aspirante a cineasta e estudante de roteiro cinematográfico. Correspondente do CCR em São Paulo.

Fonte:  http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/292480/depois-de-lucia-2012-o-sofrimento-por-tras-do-bullying/


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