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sexta-feira, 27 de abril de 2012

A relação entre o bullying e a educação física





Formado em Educação Física e Fisioterapia, Rodrigo Silva Perfeito lançou um livro que aborda a relação entre o bullying e a educação física. É justamente nesta aula que as crianças sofrem mais preconceitos e perseguição. Em alguns casos, mesmo sem querer, o próprio professor contribui para o bullying. Vale a pena dar uma conferida nesta entrevista com o autor:

1 - Como o livro se desenvolve ?

A ideia principal do livro é mostrar que o preconceito não é fruto de brincadeiras normais e esperadas da infância, que o mesmo ocorre em outras esferas sociais e até mesmo na universidade. Para isso, inicio o livro com um capítulo chamado de: o estigma na sociedade. Mostro que o bullying ou o preconceito está enraizado por questões culturais e simbólicas. Criamos ou supervalorizamos sinais ou signos que desvalorizam o outro e o classifica. Assim, utilizamos os óculos como um signo que irá classificar o indivíduo como portador de necessidades visuais diferenciadas, da mesma maneira, que a pessoa que foge do estereótipo da sociedade para o corpo correto, será classificada como o gordinho ou como o magrinho, tanto como o deficiente físico, auditivo, visual, o homossexual, entre muitos outros. É justamente do diferente mal entendido que surge o preconceito. Após separo o livro em capítulos que falam do preconceito na escola e em grupos sociais e como o mesmo se propaga pelo ambiente escolar sem que qualquer profissional se atente ou tenha vontade de combater tal crime. E por último, faço uma discussão sobre o papel pedagógico do professor de Educação Física, que assim como qualquer educador, deve discutir e refletir junto a seus amigos e alunos, as causas e principalmente sobre as repercussões que o preconceito pode causar a pessoa que está sendo estigmatizada.

2 – Você acredita que o bullying é mais visível na aula de educação física do que nas outras matérias escolares (português, matemática, etc.)? Por quê?

Com toda certeza o bullying se apresenta de forma mais explícita nas aulas de Educação Física. Diversos autores, como o Jeferson Retondar, mostram que o jogo é um recurso simbólico que permite que qualquer pessoa, adulto ou criança, extrapole sua realidade. Em outras palavras, o indivíduo, quando brinca ou joga, esquece todas as repreensões sociais, problemas, entre outros, e se representa como um ser livre que irá descarregar sua válvula de tensão naquele momento. Daí surge tantos palavrões e expressões impensadas de um torcedor de um time de futebol, ou em uma simples partida de futebol com os amigos. As crianças, nas aulas de Educação Física, quando jogam, também extrapolam o senso das restrições sociais e se expressão oral e corporalmente sem precisar se controlar. Nesse momento, o aluno se vê livre para expelir agressões físicas e orais ao seu amigo de classe. Se a aula não for discutida e trabalhada pelo docente, se tornará um verdadeiro campo de guerra. Fato que é facilmente percebido em algumas escolas públicas do Rio de Janeiro.

3 – Como o comportamento de um professor de Educação Física pode ajudar no combate ao bullying? E como pode atrapalhar?

O professor de Educação Física é peça chave no combate ao preconceito. Muitas das vezes, o curso de graduação não o prepara para situações reais de preconceito durante a aula, o que o torna um cúmplice por não intervir, ou ainda, um agressor, apelidando seus alunos ou retratando-os com valores morais indevidos. Quando um professor separa alunos para escolher o time das meninas e dos meninos, ele simplesmente exclui a existência do homossexual que não se percebe em nenhum dos grupos sugeridos. De forma indireta, ele diz para o aluno homossexual que o mesmo não existe ou que não é bem-vindo. Da mesma maneira, se fala com delicadeza com as meninas e com firmeza com os meninos, retrata o primeiro grupo como inferior e que precisa de maiores cuidados ou de privilégios para se retratar a altura do segundo. O professor é o ícone, o ídolo das crianças, alguns o têm como pai ou mãe, outros como aquele que mostrou qual a profissão que vai seguir quando crescer. Assim, se o professor é um disseminador do preconceito, explanará o preconceito também para seus alunos. Não existe uma receita de bolo para o combate do bullying, pois cada um o sente e o vê simbolicamente de maneira diferente. Porém, um grande passo para o educador, seria a discussão sobre a temática em sala de aula utilizando o discurso de que somos diferentes e que isso não é suficiente para classificar o outro como melhor ou pior.



4 – Como o professor de educação física deve agir para evitar e coibir o bullying?

Para combater o preconceito, primeiro o professor precisa saber o que é o bullying. Pensar somente em palavras é algo tão pequeno que retiraria a importância de existir do docente. Posso chamar um grande amigo de negão e outra pessoa que não conheço com o mesmo adjetivo, que com toda certeza, significariam coisas totalmente diferentes. O professor precisa estudar o que está por trás das palavras, o que faz elas se representarem através das culturas e ideais de maneira tão diferente em cada aluno. Precisa conhecer cada um e deve se envolver, pois mais do que um trabalho, precisa amar seu trabalho e seus alunos. Quando o docente entende que existe todo um imaginário social que tece teias de relacionamentos através das vivências culturais, sociais e emocionais, entenderá que o preconceito nada mais é do que uma construção social, e tudo aquilo que é construído, posso ser modificado ou desconstruído. Diria que por enquanto, que infelizmente, o professor de Educação Física, com o que estuda no currículo das diferentes universidades, ainda não estápreparado para enfrentar esse mal. Alguns demoram muito para enxergar as deficiências profissionais do mercado e buscar o conhecimento, o que a meu ver, é passo fundamental para entender e combater o preconceito.

5 - De onde surgiu a ideia de fazer este livro?

Quando iniciei o curso de Educação Física da UERJ, via a instituição como algo quase inalcançável. Sempre escutava de amigos que a UERJ é uma faculdade que poucos conseguem entrar, que todo mundo queria estudar nela, entre outras frases. Idealizei a UERJ como a melhor e maior universidade do mundo. As aulas iniciarem e vi que não era nada disso. Não estava no meio dos melhores. Como poderiam ser os melhores, se os próprios graduandos, futuros professores, eram pessoas sem qualquer preparo moral? Os próprios graduandos criavam brincadeiras durante as aulas que ridicularizavam outros alunos. Os funcionários, a direção, a reitoria, os professores, não eram capacitados para entender o que aconteciam ou simplesmente fingiam que não viam. Surgiu então a ideia de escrever e estudar a temática para entender o que levaria futuros professores, que combateriam este mal, a virarem os vilões da estória.

6 - Você já deu aula de educação física em colégio? Já presenciou algum caso de bullying em sua aula? Como foi?

Já ministrei algumas aulas como profissional e como estagiário. O bullying ocorre em todas as escolas sem exceção. Como o preconceito é fruto de questões sociais, como a estratificação econômica, escolas apresentam níveis quantitativos e qualitativos diferenciados. Os preconceitos mais comuns são relacionados a estigmas considerados negativos, que farão com que o aluno seja ridicularizado e inferiorizado, sendo agredido fisicamente e/ou chamado de: gordinho, bichinha, caveirinha, baleia, quatro olhos, mariquinha, girafa, nerd, entre muitos outros. O agressor procura sempre atingir o estigmatizado através de algum signo que seja visível. Assim, se existe um aluno que apresenta a voz mais fina, será chamado de mariquinha pelos colegas de classe se o assunto não for bem trabalhado pelo docente.



Obs.: Os interessados em comprar o livro (R$20, com frete) podem pedir pelo email: rodrigosper@yahoo.com.br



Fonte:  http://oglobo.globo.com/blogs/pulso/posts/2012/04/24/a-relacao-entre-bullying-a-educacao-fisica-441842.asp



segunda-feira, 9 de abril de 2012

EUA: contra o 'bullying'




Diz o dicionário que o ‘bullying’ é «um conjunto de maus tratos, ameaças ou outros actos de intimidação física ou psicológica exercida de forma continuada sobre uma pessoa fraca ou mais vulnerável». Contra tudo isto e muito mais está um vídeo realizado por alunos de uma escola secundária dos EUA, e que em seis dias conta já mais de 25 mil visualizações no YouTube.

O número quiçá não surpreenderá, mas a iniciativa talvez. O The Huffington Post deu a conhecer a iniciativa dos alunos da Ranch High School, uma escola secundária situada na cidade Cypress, no estado do Texas, que resolveram criar uma canção e encenar, produzir e filmar um vídeo de protesto anti-bullying.

«Quem pensas que és?», é a frase mais vezes repetida ao longo dos versos que compõe a canção, da autoria de uma das alunas da escola, e que foi cantada por umas quantas outras, como fica explicado na página do You Tube que loja o vídeo.

«Quando olhas para um espelho o que diz-me o que vês?/Estás a usar as palavras que me atiraste?/Quando estás a arranjar o cabelo e a tratar dos dentes/Sabes que é feio o que tu me fazes?», são as suas primeiras palavras, hipoteticamente dirigidas ao ‘bully’. As palavras soarão melhor na sua versão original, em inglês, face à habitual estranheza que ganham ao serem traduzidas para a nossa língua.




Antes mesmo de a música começar a embalar o vídeo, um estudante chama a atenção para os quase 200 mil estudantes norte-americanos que diariamente têm medo de ir à escola.

Em Portugal, os números serão menores, mas existem. Há cinco anos, em 2007, um relatório sobre a violência escolar registou mais de 1000 casos ocorridos em escolas portuguesas. Em 2010, uma investigadora citada pelo Diário de Notícias frisava que 42% dos alunos nas escolas lidam com o bullying. Mas exemplos recentes não faltam.

Em Fevereiro, uma jovem de 16 anos foi agredida por duas colegas numa escola da Azambuja e antes, em Dezembro, os pais de um aluno do 1.º ciclo ameaçaram encerrar a escola, em Castelo Branco, exigindo que se pusesse termo às agressões praticadas por um dos alunos, de 10 anos de idade.

Mais mediático é o badalado ‘caso Facebook’, onde duas jovens foram julgadas em tribunal após espancarem uma colega da escola, com a agravante de tudo ter ficado gravado em vídeo.