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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Necessidade de capacitação para lidar com bullying

Pesquisa realizada com 184 educadores em 23 escolas públicas e particulares cearenses mostrou que 74% não se consideram preparados para trabalhar a situação, 84% nunca falaram sobre o tema com os alunos e 42% sequer sabem exatamente o que significa a expressão bullying 


Basta ser gordo, magro, baixo ou alto para que crianças e adolescentes sejam vítimas de agressões físicas e emocionais. Apesar da gravidade do problema, as denúncias ainda são poucas
MARÍLIA CAMELO


O Ceará já conta com leis estadual e municipal que preveem a formação dos docentes no combate ao bullying 
JULIANA VASQUEZ




Violência e insultos no lugar do respeito, aprendizagem e brincadeiras. Essa realidade é vivenciada por centenas de crianças e adolescentes vítimas de bullying nas escolas, ambientes que têm como dever a proteção e a formação cidadã.


Contudo, a missão de conter todos as manifestações de violência nas instituições de ensino, que possuem a frente os educadores, é transformada em um desafio ainda maior quando esses profissionais não sabem lidar com o problema.


A deficiência é apontada em pesquisa realizada, entre março de 2010 e outubro deste ano, pelo professor e especialista no tema Luiz Rogério Nogueira. Segundo o estudo, produzido com 184 professores de 23 escolas cearenses, sendo 14 particulares e 9 públicas, 74% destes educadores não se consideram preparados para trabalhar a situação, 84% nunca falaram sobre o tema com o seus alunos e 42% sequer sabem o que significa a expressão bullying.


Para Luiz Rogério Nogueira, existe um grande número de profissionais da área de educação que não sabem distinguir as condutas que levam ao bullying de outros tipos de violência. "Esse não saber lidar é ocasionado pela falta de preparo para identificar e desenvolver estratégias pedagógicas para enfrentar os problemas no ambiente escolar", comenta.


O bullying é um problema que acontece silenciosamente e quando vem à tona pode ser tarde demais. As agressões são justificadas por conta de diferenças físicas ou comportamentais. O fato de ser gordo, magro, alto ou baixo basta para que crianças e adolescentes se transformem em vítimas daqueles que deveriam ser os companheiros no cotidiano escolar.


Poucas denúncias


Mesmo diante dessa gravidade, os números de denúncia de bullying no Ceará são baixos. Conforme Ivana Timbó, titular da Delegacia de Combate a Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes (Dececa), neste ano não foi registrada nenhuma ocorrência a respeito do problema. Em 2010, a delegacia recebeu três casos de bullying.


Ivana Timbó esclarece que as poucas ocorrências são motivadas, sobretudo, pelo fato dos pais resolverem a questão na própria escola. No entanto, a delegada alerta que os pais e o colégio devem procurar ajuda na delegacia, visto que as sequelas físicas e emocionais surgidas a partir do bullying são bastante graves. "A escola é garantidora dessas crianças e adolescentes. Ela tem que encarar o problema. Se o colégio não tomar uma postura ele poderá ser punido, pois o bullying pode terminar em um crime grave", destaca.


A delegada informa que, a partir do registro da ocorrência, dependendo do caso, a situação é resolvida com uma audiência, mas, se for constatada maior gravidade, é instaurado um procedimento policial.


Na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), em Fortaleza, as denúncias de bullying são inexistentes. Iolanda Fonseca, titular da delegacia, afirma que esses casos precisam ser informados na unidade para que as ocorrências possam ser enquadradas corretamente.


Falta suporte


Por meio da pesquisa realizada, constatou-se que 93% dos professores entrevistados afirmaram que a escola onde atuam não oferecem suporte para lidar com o bullying. O estudo concluiu que, apesar de alguns colégios trabalhem o tema através de palestras e atividades paradidáticas, "o trabalho ainda é insipiente. A prevenção começa pelo conhecimento. Se o professor não tem competência em interferir nessas ações de bullying escolar, restam às vítimas poucas alternativas", diz o estudo.


Sobre os caminhos que escolas e professores devem seguir, Luiz Rogério comenta que o fundamental é a elaboração de um plano de combate pelas instituições de ensino e a capacitação de seus professores para lidar com o tema. "Os educadores devem ter capacitação, formação, envolvimento e se antecipar aos problemas, criando na escola um ambiente seguro e solidário. A escola deve se preocupar em formar além de bons alunos, bons cidadãos".


O levantamento aponta ainda ser necessário que o educador se sensibilize e reconheça o bullying como um problema, para depois se aprofundar nas causas, consequências, métodos de prevenção, mediação e solução do bullying e assim agir de forma adequada, distinguindo brincadeira de violência e proporcionando à vítima segurança e respeito às suas diferenças e provocando no agressor a consciência de que seus atos são passíveis de punição.


Sinais de alerta


Ira intensa
Ataques de fúria
Irritabilidade extrema
Impulsividade
Auto agressão
Poucos amigos
Dificuldade para prestar atenção
Inquietude física
Resultados ruins na escola
Queixas físicas permanentes, como dor de cabeça, estômago e fadiga
Abatimentofísico e psicológico
Pouca paciência
Inércia
Frustração frequente


Fonte: Portal Bullying


OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Veriana de Fátima colaço
Psicóloga e Dra. em Educação 


A necessidade de medidas abrangentes


O bullying acontece com frequência na escola, especialmente porque é um ambiente de convivência de crianças e adolescentes com diversidade de valores, crenças, hábitos e formas de interagir, já que são oriundos de famílias e contextos sociais diferentes, embora compartilhem valores mais amplos. Entretanto, o bullying não é exclusivo do ambiente escolar, também aparece no trabalho, em situações de convivência familiar e de lazer.


Toda situação de humilhação traz repercussões negativas, pois coloca sob um plano negativo a autoimagem, a percepção de si e de sua própria valorização. No bullying, as marcas são profundas, vão sedimentando e reafirmando uma valorização negativa, que, para superá-las, precisa ter suportes e apoios que neutralizem ou compensem essa negatividade. Nesse sentido, se coloca a importância da atuação da família e da escola em proporcionar esse suporte, intervindo para minimizar os efeitos danosos e para o combate a essas formas de relações entre as pessoas. 


É necessário que a família e a escola fiquem atentos às manifestações, às condutas de violência física ou simbólicas e às reações apresentadas pelas vítimas de bullying e tomarem medidas efetivas de combate, tanto no sentido mais individualizado, como numa perspectiva mais abrangente de uma política de intervenção geral com normas claras e ações combativas.


ENFRENTAMENTO FRÁGIL
Iniciativas buscam garantir capacitação nas escolas


Diante dos resultados apontados pela pesquisa, é visível a necessidade de aperfeiçoamento dos educadores cearenses para lidarem com crianças e adolescentes que venham a ser tanto vítima como agressor em um caso de bullying.


Ações efetivas ligadas à prevenção e ao combate do problema precisam ser colocadas em prática rapidamente. Umas das iniciativas adotadas neste ano foi a aprovação de dois projetos de Lei, do vereador Salmito Filho. O primeiro, Nº 0127/2011, institui o dia 07 de abril como o Dia Municipal de Combate ao Bullying. Em seu Artigo 3º permite que a Câmara Municipal realize atividades educativas.


Já a Lei 0129/2011 decreta que as escolas municipais de educação básica devem incluir em seu projeto pedagógico medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying. Em seu Artigo 3º, a lei tem como um de seus objetivos capacitar os docentes na implementação de ações de discussão, prevenção, orientação e solução.


Sensibilização


No âmbito estadual, o Governo do Estado propôs a Lei 14.754, já aprovada. Segundo a norma, o Poder Executivo está autorizado a instituir programa de prevenção e combate ao preconceito, intimidação, ameaça, violência física e/ou psicológica originária do ambiente escolar.


O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE), Airton Oliveira, destaca que essa dificuldade dos educadores em lidar com o assunto já foi observada, em especial pelo fato do professor acreditar que deve haver intervenção mais forte da família. Assim, o sindicato, conforme explica, promove ações, de sensibilização dos professores, como encontros com especialistas e distribuição de cartilhas educativas.


"A tendência é que o professor tenha consciência que ele é um elemento fundamental no combate ao bullying. Temos que entender que a escola também tem um papel importante nesta questão", afirma.


Nas escolas públicas municipais, segundo Flávia Góes, chefe do Departamento de Gestão Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (SME), a Prefeitura vem realizando diversas ações de formação de professores relacionadas ao problema da violência escolar que estaria diretamente ligada ao bullying. "Temos comissões que buscam identificar as manifestações de violência tanto na escola quanto em casa. Desenvolvemos ainda um trabalho de capacitação dos docentes, preparando-os para identificar essas agressões".


Já a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) afirma que, baseando-se na norma legal aprovada, está sendo implantando nos colégios estaduais o programa Geração da Paz, visando à construção de uma cultura de paz e combatendo portanto o bullying escolar.


JÉSSICA PETRUCCI
REPÓRTER





quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Bullying: agressividade fora dos limites

Com cada vez mais frequência, nós somos bombardeados e ficamos chocados com as notícias na mídia sobre agressões no ambiente escolar. Muitos de nós nos questionamos como a pessoa, o bullie (agressor), consegue fazer suas vítimas sem que os pais ou a própria escola perceba com antecedência. 

Aparentemente inocentes, brincadeiras de mau gosto ou apelidos pejorativos podem ser mais prejudiciais do que muitos imaginam, causando uma violência psicológica às vítimas do agressor. Difamar, constranger, ameaçar e até mesmo agredir fisicamente, nada mais é do que bullying. Esta palavra de origem inglesa, sem tradução no Brasil, qualifica comportamentos agressivos no âmbito escolar. 

Ana Beatriz Barbosa Silva, médica psiquiatra e autora de vários livros, entre eles, BULLYING: Mentes Perigosas nas Escolas, conta que o agressor dá os seus sinais. “No ambiente doméstico, ele mantêm atitudes desafiadoras e agressivas em relação aos familiares. É arrogante no agir, falar e se vestir, demonstrando superioridade, além de manipular pessoas para se safar das confusões em que se envolveram.” 

Outra característica é a negação. “Muitos agressores mentem, de forma convincente, e negam as reclamações da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos. Já nas escolas, eles perturbam e intimidam por meio de violência física ou psicológica. Furtam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes. Costumam ser populares e estão sempre enturmados”, especifica. 


O despertar do agressor 

A pessoa pode se tornar um bullie por vários motivos. Entre eles, por nítida falta de limites na sua educação dada pelos familiares; por carência de um modelo de educação que seja capaz de associar a autorrealização pessoal com atitudes socialmente produtivas e solidárias; por vivenciarem dificuldades momentâneas como, por exemplo, separação dos pais, doenças crônicas ou terminais na família; ou por serem crianças ou adolescentes com traços marcantes de psicopatia. “Esses são minoria, porém os mais perversos. Falta-lhes o sentimento essencial para o exercício do altruísmo e esses jovens têm desejos mórbidos em ver o outro sofrer”, explica Ana Beatriz.

Cabe aos pais perceberem as alterações em seus filhos e orientá-los. Em casos mais extremos, cuja agressividade é mais aflorada, a ajuda terapêutica é recomendada. As escolas também têm a tarefa de não permitir que o bullying aconteça. Caso o contrário, a falta de impunidade só vai aumentar o número de ocorrências. A imposição de limites é fator predominante para reprimir o agressor e reeducá-lo. 


Bullying virtual 

Além dos limites da escola, o ciberbullying ou bullying virtual, ataques feitos através de ferramentas tecnológicas, como pelo celular, máquinas fotográficas, internet, o que inclui e-mails, sites de relacionamento e vídeos, é uma das formas mais agressivas de bullying e tem ganhado cada vez mais espaço. 

“Além da propagação das difamações serem praticamente instantâneas, o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é imensurável. O ciberbullying extrapola, em muito, os muros das escolas e expõe a vítima ao escárnio público. Os praticantes dessa modalidade de perversidade também se valem do anonimato e, sem qualquer constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil possível. Os traumas e as consequências advindos do bullying virtual são dramáticos”, afirma a especialista. 

Seja nas escolas ou por meios das ferramentas tecnológicas, o fato é que nem sempre as vítimas se manifestam e, por isso, se tornam refém dos agressores. “Muitas acreditam que ao sofrerem sozinhos e calados pouparão seus pais da decepção de ter um filho frágil, covarde e não popular na escola. As consequências são as mais variadas possíveis e muitas levarão marcas profundas provenientes das agressões para vida adulta, e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para a superação do problema.” 

Quando a criança ou adolescente sofre algum tipo de violência e não fala sobre o assunto, o problema pode ser percebido por mudanças em suas atitudes. Na escola, ficam mais isoladas ou perto de adultos para protegê-las. Geralmente, não querem participar de atividades, ficam comumente triste, deprimidas ou aflitas. Em casa, a reação é não querer ir à escola, dando a desculpa de alguma dor física. Outro sintoma é que, com mais frequência, as vítimas reclamam de dor de estômago, enjoo, tonturas, insônia e até perda de apetite. Sintomas esses que já demonstram perturbação emocional. 

Na presença dessas reações, os pais devem, com muita calma, tranquilidade e diálogo, tentar descobrir o que está acontecendo com seu filho. Se mesmo assim não tiverem respostas, a terapia também é indicada. 


O papel das escolas 

Para Ana Beatriz, não há dúvidas de que a escola é corresponsável pelos casos de bullying, pois é nela que os comportamentos agressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam na maioria das vezes. “É ali que os alunos deveriam aprender a conviver em grupo, respeitar as diferenças, entender o verdadeiro sentido da tolerância em seus relacionamentos interpessoais, que os norteiam para uma vida ética e responsável”, diz. 

Infelizmente, a instituição escolar é o cenário principal dessa tragédia endêmica, que por omissão ou conivência, facilita a sua disseminação. “A direção da escola, como autoridade máxima da instituição, deve acionar os pais, o Conselho Tutelar, os órgãos de proteção à criança e ao adolescente, etc.”, defende. 

Por fim, Ana Beatriz defende que admitir que o bullying acontece em 100% das escolas do mundo (públicas ou privadas) é o primeiro passo para o sucesso contra essa prática indecorosa. A boa escola não é aquela onde o bullying não ocorre, mas sim a postura proativa e eficaz que ela tem frente ao problema. 



Fonte: Saude em Pauta Online





terça-feira, 1 de novembro de 2011

Especialistas debatem sobre o bullying nas instituições de ensino.

O bullying tem se tornado cada vez mais recorrente na sociedade. O termo é utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica e por isso merece atenção tanto de quem convive com a vítima como também com aqueles que praticam o ato. Para conversar sobre o assunto, o programa 'Cenas do Brasil' recebe Carmem Silveira de Oliveira, Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente e José Augusto Pedra, psicólogo especialista em bullying escolar.