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sábado, 24 de setembro de 2011

Acesso à arma foi determinante para a tragédia em São Caetano

O acesso a arma de fogo foi fator determinante para que o garoto David Mota Nogueira, de 10 anos, cometesse suicídio após ferir a professora Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, segundo especialistas da área médica. O crime aconteceu nesta quinta-feira (22), às 15h50.

De acordo com Ricardo Nogueira, psiquiatra e coordenador do Centro de Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio do Sistema de Saúde Mãe de Deus, no Rio Grande do Sul, casos de suicídio infantil são extremamente raros.

Segundo estudos da entidade, os índices de suicídio entre 15 e 19 anos são de apenas 7% das mortes contatadas. “Nesta idade, de 10 anos, os poucos casos registrados são de tentativas. Mais incomum ainda é o fato de que o suicídio tenha sido precedido de uma tentativa de homicídio. No entanto, isso só ocorreu porque a criança teve acesso a uma arma. Caso contrário, ela externaria sua frustração em forma de violência física, como vemos em muitos casos pelo Brasil atualmente”, afirma Nogueira.

Apenas um estudo do histórico médico do menino poderia indicar quais patologias poderiam ter levado a criança a tomar tal atitude, aponta o médico. “Este menino provavelmente tinha uma resistência muito baixa quanto à frustração, reagindo de forma psicótica e fora do normal a problemas de relacionamento com a professora. Ações de bullying por parte dos colegas também podem ter contribuído, mas não devem ter sido determinantes”, analisa Nogueira.

Os estudos ainda apontam que em 90% dos casos de suicídio havia histórico de tentativas ou mortes por suicídio na própria família da vítima, além de incidência de quadros de depressão. “Temos de ver também se essa criança fazia uso de drogas. Infelizmente, apesar da pouca idade, não se pode excluir essa possibilidade”, diz o psiquiatra.

Impulso

Para a psicóloga e professora da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Maria Regina Domingues Azevedo, o menino não premeditou tirar a própria vida, após atirar na professora. “Não acredito que ele tenha planejado se matar. Provavelmente foi um impulso momentâneo”, explica.

A especialista não aponta o bullying como um possível fator que levou David a cometer o crime. “Dificilmente ele se voltaria para a professora. Nesse caso, ele atiraria nos agressores, que seriam os estudantes. Um dos motivos pode estar na personalidade suscetível que o menino poderia ter. Vendo violência todos os dias na TV, no vídeo-game, nos desenhos animados, aliado ao cotidiano da família (o pai era Guarda Civil) pode ter levado a um distúrbio psicológico. Mas isso ainda é uma enorme interrogação”, avalia Maria Regina.

Crianças precisam de acompanhamento psicológico

Os 25 estudantes que estavam na sala de aula quando o garoto atirou na professora precisam de acompanhamento psicológico permanente, garante o psiquiatra Ricardo Nogueira. “Estas crianças levarão uma marca para toda a vida”, diz o médico.

Falar sobre o assunto pode ajudar, mas as crianças não devem ser forçadas, explica a psicóloga Maria Regina Domingues Azevedo. “Não pode ficar ‘cutucando’ a criança, perguntando a todo momento sobre o que ela presenciou. Se ela falar de forma natural, será benéfico para externar o que está sentindo sobre o assunto”.

 Fonte:  http://www.reporterdiario.com.br/Noticia/310722/acesso-a-arma-foi-determinante-para-tragedia-em-sao-caetano/

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