A exclusão social – que leva ao ostracismo e solidão – pode não deixar marcas visíveis, mas a dor que se sente é mais profunda e duradoura do que se imagina, aponta um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Purdue, nos EUA.
“Ser excluído ou sofrer ostracismo é uma forma invisível de bullying e geralmente nós subestimamos seus impactos”, diz Kipling D. Williams, autor do estudo. “Ser excluído por colegas no colégio, no trabalho, ou mesmo cônjuges ou familiares pode ser insuportável. E como o ostracismo é uma experiência de três estágios – os atos iniciais de ser ignorado ou excluído, enfrentamento e resignação –, os sentimentos de dor podem ter efeitos duradouros. Pessoas e clínicos precisam estar atentos sobre isso e assim evitar depressão e outras experiências negativas”.
Segundo Williams, a dor da exclusão é física também. “Quando uma pessoa é isolada socialmente, o córtex cingulado dorsal anterior do cérebro, que registra a dor física, também sente essa injustiça social”, explica Williams. “Ser excluído, portanto, é doloroso porque ameaça as necessidades humanas fundamentais, que são o pertencimento e a autoestima. E essa dor pode ser sentida mesmo quando a exclusão é praticada por um desconhecido ou por um curto período”.
O estudo envolveu mais de 5 mil participantes em um jogo de computador, desenvolvido por Williams, no qual o foco era mostrar como apenas dois ou três minutos de exclusão podem provocar sentimentos negativos prolongados.
As reações à exclusão foram muito parecidas em todos os participantes. As formas de enfrentamento variaram, mas o mais comum foi o participante excluído assumir comportamentos que poderiam aumentar sua futura inclusiva, como obedecer a ordens, cooperar ou expressão de simpatia. “Mas se eles sentem que há pouca esperança para a reinclusão ou que têm pouco controle sobre suas vidas, podem recorrer ao comportamento provocativo e até mesmo agressão”, diz Williams. “Em algum ponto, a pessoa para de se preocupar em ser agradável e quer apenas ser notada”.
No entanto, se uma pessoa tiver sido isolada por um longo tempo, eles podem não ter capacidade para continuar a enfrentar, pois a dor persiste. “Algumas pessoas podem desistir”.
O terceiro estágio, de resignação, é quando as pessoas que foram isoladas estão menos esperançosas e mais agressivas do que as outras em geral. “Isso também aumenta a raiva e a tristeza, e o ostracismo de longo termo pode resultar em alienação, depressão, desamparo e sentimentos de indignidade”.
Williams agora está tentando entender melhor como pessoas excluídas podem ser atraídas a grupos com sentimentos mais extremistas e qual a reação de grupos de excluídos.
“Esses grupos proveem aos membros uma sensação de pertencimento, valor próprio e controle, mas podem fomentar o radicalismo e a intolerância e, talvez, uma propensão para a hostilidade e a violência”, diz. “Quando uma pessoa se sente excluída socialmente, ela perde o controle e o comportamento agressivo é um jeito de restaurá-lo. Quando esses indivíduos se juntam em um grupo, podem haver consequências negativas”, conclui.
com informações da Purdue University
Eu senti na pele isso por toda a minha vida.
ResponderExcluirE ainda sente, Marcos Oki?
ExcluirQuer conversar à respeito?