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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Bullying: agressividade fora dos limites

Com cada vez mais frequência, nós somos bombardeados e ficamos chocados com as notícias na mídia sobre agressões no ambiente escolar. Muitos de nós nos questionamos como a pessoa, o bullie (agressor), consegue fazer suas vítimas sem que os pais ou a própria escola perceba com antecedência. 

Aparentemente inocentes, brincadeiras de mau gosto ou apelidos pejorativos podem ser mais prejudiciais do que muitos imaginam, causando uma violência psicológica às vítimas do agressor. Difamar, constranger, ameaçar e até mesmo agredir fisicamente, nada mais é do que bullying. Esta palavra de origem inglesa, sem tradução no Brasil, qualifica comportamentos agressivos no âmbito escolar. 

Ana Beatriz Barbosa Silva, médica psiquiatra e autora de vários livros, entre eles, BULLYING: Mentes Perigosas nas Escolas, conta que o agressor dá os seus sinais. “No ambiente doméstico, ele mantêm atitudes desafiadoras e agressivas em relação aos familiares. É arrogante no agir, falar e se vestir, demonstrando superioridade, além de manipular pessoas para se safar das confusões em que se envolveram.” 

Outra característica é a negação. “Muitos agressores mentem, de forma convincente, e negam as reclamações da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos. Já nas escolas, eles perturbam e intimidam por meio de violência física ou psicológica. Furtam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes. Costumam ser populares e estão sempre enturmados”, especifica. 


O despertar do agressor 

A pessoa pode se tornar um bullie por vários motivos. Entre eles, por nítida falta de limites na sua educação dada pelos familiares; por carência de um modelo de educação que seja capaz de associar a autorrealização pessoal com atitudes socialmente produtivas e solidárias; por vivenciarem dificuldades momentâneas como, por exemplo, separação dos pais, doenças crônicas ou terminais na família; ou por serem crianças ou adolescentes com traços marcantes de psicopatia. “Esses são minoria, porém os mais perversos. Falta-lhes o sentimento essencial para o exercício do altruísmo e esses jovens têm desejos mórbidos em ver o outro sofrer”, explica Ana Beatriz.

Cabe aos pais perceberem as alterações em seus filhos e orientá-los. Em casos mais extremos, cuja agressividade é mais aflorada, a ajuda terapêutica é recomendada. As escolas também têm a tarefa de não permitir que o bullying aconteça. Caso o contrário, a falta de impunidade só vai aumentar o número de ocorrências. A imposição de limites é fator predominante para reprimir o agressor e reeducá-lo. 


Bullying virtual 

Além dos limites da escola, o ciberbullying ou bullying virtual, ataques feitos através de ferramentas tecnológicas, como pelo celular, máquinas fotográficas, internet, o que inclui e-mails, sites de relacionamento e vídeos, é uma das formas mais agressivas de bullying e tem ganhado cada vez mais espaço. 

“Além da propagação das difamações serem praticamente instantâneas, o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é imensurável. O ciberbullying extrapola, em muito, os muros das escolas e expõe a vítima ao escárnio público. Os praticantes dessa modalidade de perversidade também se valem do anonimato e, sem qualquer constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil possível. Os traumas e as consequências advindos do bullying virtual são dramáticos”, afirma a especialista. 

Seja nas escolas ou por meios das ferramentas tecnológicas, o fato é que nem sempre as vítimas se manifestam e, por isso, se tornam refém dos agressores. “Muitas acreditam que ao sofrerem sozinhos e calados pouparão seus pais da decepção de ter um filho frágil, covarde e não popular na escola. As consequências são as mais variadas possíveis e muitas levarão marcas profundas provenientes das agressões para vida adulta, e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para a superação do problema.” 

Quando a criança ou adolescente sofre algum tipo de violência e não fala sobre o assunto, o problema pode ser percebido por mudanças em suas atitudes. Na escola, ficam mais isoladas ou perto de adultos para protegê-las. Geralmente, não querem participar de atividades, ficam comumente triste, deprimidas ou aflitas. Em casa, a reação é não querer ir à escola, dando a desculpa de alguma dor física. Outro sintoma é que, com mais frequência, as vítimas reclamam de dor de estômago, enjoo, tonturas, insônia e até perda de apetite. Sintomas esses que já demonstram perturbação emocional. 

Na presença dessas reações, os pais devem, com muita calma, tranquilidade e diálogo, tentar descobrir o que está acontecendo com seu filho. Se mesmo assim não tiverem respostas, a terapia também é indicada. 


O papel das escolas 

Para Ana Beatriz, não há dúvidas de que a escola é corresponsável pelos casos de bullying, pois é nela que os comportamentos agressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam na maioria das vezes. “É ali que os alunos deveriam aprender a conviver em grupo, respeitar as diferenças, entender o verdadeiro sentido da tolerância em seus relacionamentos interpessoais, que os norteiam para uma vida ética e responsável”, diz. 

Infelizmente, a instituição escolar é o cenário principal dessa tragédia endêmica, que por omissão ou conivência, facilita a sua disseminação. “A direção da escola, como autoridade máxima da instituição, deve acionar os pais, o Conselho Tutelar, os órgãos de proteção à criança e ao adolescente, etc.”, defende. 

Por fim, Ana Beatriz defende que admitir que o bullying acontece em 100% das escolas do mundo (públicas ou privadas) é o primeiro passo para o sucesso contra essa prática indecorosa. A boa escola não é aquela onde o bullying não ocorre, mas sim a postura proativa e eficaz que ela tem frente ao problema. 



Fonte: Saude em Pauta Online





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