A prática, mais comum em grupo e entre meninos, tem como vítima 7,2% dos estudantes consultados em nova pesquisa do IBGE feita com alunos do 9º ano
O bullying é um dos vilões da adolescência, que envolve quase 30% dos
estudantes brasileiros – seja praticando ou sofrendo a violência
caracterizada por agressões verbais ou físicas, intencionais, aplicadas
repetidamente contra uma pessoa ou um grupo. Mas a grande maioria desse
total, 20,8%, é formada por agressores. Ou seja, um em cada cinco jovens
na faixa dos 13 aos 15 anos pratica bullying contra colegas no Brasil. O
índice é destaque da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2012,
divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Foram entrevistados 109.104 alunos do 9º ano do
Ensino Fundamental (antiga 8ª série), de um universo de 3.153.314, grupo
no qual 86% dos integrantes estão na faixa etária citada.
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Os outros 7,2% são vítimas desse tipo de abuso. “A grande diferença entre os dois índices reforça a ideia de que essa é uma prática comum em grupo, geralmente, contra uma pessoa”, explica Marco Antônio de Andreazzi, gerente de Estatísticas de Saúde do IBGE. O perfil dos agressores também aponta para uma predominância masculina: 26,1% dos meninos praticam bullying, em comparação com 16% das meninas. Também são eles os que mais sofrem a agressão (7,9%), em relação a elas (6,5%).
A Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (HBSC, na sigla em inglês), feita também em 2012 em 41 países da Europa e América do Norte, mostra que a prática se torna menos frequente à medida que as vítimas ficam mais velhas: 13% dos alunos de 11 anos diziam sofrer bullying na escola, número que caiu para 12% entre os de 13 anos e para 9% entre os de 15.
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Os outros 7,2% são vítimas desse tipo de abuso. “A grande diferença entre os dois índices reforça a ideia de que essa é uma prática comum em grupo, geralmente, contra uma pessoa”, explica Marco Antônio de Andreazzi, gerente de Estatísticas de Saúde do IBGE. O perfil dos agressores também aponta para uma predominância masculina: 26,1% dos meninos praticam bullying, em comparação com 16% das meninas. Também são eles os que mais sofrem a agressão (7,9%), em relação a elas (6,5%).
A Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (HBSC, na sigla em inglês), feita também em 2012 em 41 países da Europa e América do Norte, mostra que a prática se torna menos frequente à medida que as vítimas ficam mais velhas: 13% dos alunos de 11 anos diziam sofrer bullying na escola, número que caiu para 12% entre os de 13 anos e para 9% entre os de 15.
Uma das consequências comuns dessa violência é psicológica, e leva ao
descontentamento da vítima quanto à própria imagem, por exemplo. “Tanto o
déficit como, principalmente, o excesso de peso, podem gerar
insatisfação e até mesmo distorções em relação à forma como o próprio
corpo é percebido”, destaca o estudo do IBGE. Esse é um problema que
atinge principalmente as meninas. Cerca de um terço delas (31,1%) dizia
estar tentando emagrecer, mas uma proporção bem menor, de 19,1%,
respondeu que se achava gorda ou muito gorda. Para acelerar esse
processo, 6,4% revelaram ter chegado a induzir o próprio vômito ou tomar
laxantes – prática característica de distúrbios alimentares, como a
bulimia. Por outro lado, entre os meninos, a prioridade era ganhar peso
para 19,6% dos entrevistados, e 8,4% deles admitiram ter recorrido a
medicamentos sem orientação profissional com esse objetivo.
Saúde – Na verdade, tendo ou não crises com o próprio
corpo, o que a maioria desses adolescentes precisa mudar são os hábitos
alimentares. Entre os entrevistados, 41,3% contaram consumir guloseimas
(doces, balas, chocolates, chicletes etc.) em cinco dias da semana ou
mais. Em contrapartida, somente 30,2% afirmaram comer frutas com a mesma
frequência. Já o refrigerante é presença constante na vida de 33,2%
deles, e os biscoitos salgados e doces para 35,1% e 32,5%,
respectivamente. Também foi questionada a oferta de alimentos nas
cantinas das escolas, e constatou-se que os salgados de forno estavam
disponíveis para 39,2% dos estudantes, enquanto as frutas eram
acessíveis a apenas 10,8%.
Além disso, a atividade física ainda não é um hábito para a maioria dos
adolescentes – mesmo que, nesse quesito, esteja incluída a aula de
Educação Física obrigatória no currículo escolar. Para a pesquisa, o
IBGE considerou até o percurso feito entre a casa e a escola, desde que a
pé ou de bicicleta, somando no total 300 minutos por semana (cerca de 1
hora por dia, durante cinco dias). Mesmo assim, 69,9% foram
considerados insuficientemente ativos ou inativos e só 30,1% foram
classificados como ativos. Os meninos se movimentam quase duas vezes
mais do que as meninas (39,1% ante 21,8%). Mas quando o assunto é TV,
nenhum deles se salva. A PeNSE 2012 mostra que 78% deles assistem a duas
horas ou mais de televisão por dia, hábito considerado extremamente
sedentário. “É uma atividade muito passiva, e um estímulo ao consumo de
alimentos não saudáveis”, enfatiza Andreazzi.
Violência – Os jovens entrevistados pelo IBGE também
falaram sobre a violência em seu cotidiano. Cerca de 6,4% deles disseram
ter se envolvido em brigas com armas de fogo nos 30 dias que
antecederam a pesquisa, e 7,3% com a chamada arma branca (faca, por
exemplo). Em ambos os casos, os meninos tiveram uma participação maior,
8,8% e 10,1% respectivamente, quase o dobro na comparação com elas. Os
estudantes de escolas públicas também se envolvem mais em brigas do que
os da rede privada: 6,7% ante 4,9%, no caso das armas de fogo. A
violência, muitas vezes, começa em casa. Mais de 10% desses adolescentes
disseram ter sido fisicamente agredidos por um adulto de sua família.
Nesse caso, o ataque às meninas é mais comum (relatado por 11,5% delas)
do que aos meninos (9,6%).
O instituto também abordou a violência no trânsito. O estudo lembra que
acidentes dessa natureza “constituem uma das principais causas de morte
e hospitalizações de adolescentes e jovens no Brasil”. Apesar de a
legislação brasileira só permitir a condução de veículos por maiores de
18 anos – e devidamente habilitados –, 27,1% desses adolescentes com
idades entre 13 e 15 anos afirmaram ter o costume de dirigir um carro.
Cerca de 16% dos estudantes consultados disseram não ter o costume de
usar cinto de segurança e 22,9% deles admitem ter sido transportados em
um veículo dirigido por alguém que havia consumido bebida alcoólica.
Itens de segurança também são dispensados no caso das motos: 19,3%
declararam não usar capacete.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/um-em-cada-cinco-adolescentes-pratica-bullying-no-brasil