Bem-vindo!! Desde 05/04/2011 você é o visitante nº:

sábado, 24 de setembro de 2011

#Bullying: Esclarecimento sobre o andamento do processo da minha filha

Boa tarde, amigos!!

     Acredito que, pelo menos, a maioria dos seguidores do Blog sabem do processo que, ainda, está em andamento no qual a minha filha é a autora contra uma escola particular, de origem Cristã, por conta do Bullying sofrido por ela. Pois então.. ela sofreu o bullying durante o ano letivo de 2003, entramos com um processo contra a escola em 2005 e o mesmo já foi julgado em 1ª e em 2ª instâncias (07/2009 e 02/2011 respectivamente) onde a escola foi condenada, por unanimidade, a nos pagar uma indenização. Decisão esta que, por si só, já abre muitos precedentes \o/ 

A escola, ainda, interpôs um recurso ( Embargos de Declaracao - 03/2011 ) e, mais uma vez, perderam!!! Não satisfeitos com o resultado, decidiram recorrer à 3ª instância, interpondo outros 2 recursos: Recurso Especial e Recurso Extraordinário cujo resultado acaba de me ser dado pelo nosso advogado: INADMITIDO para os 2 recursos !!!!




Classe:RECURSO EXTRAORDINARIO - CIVEL


FASE ATUAL:CONCLUSAO A 3a VICE-PRES.
Desembargador:Titular
Data de Remessa:15/09/2011
Data da Devolucao:22/09/2011
Decisao (TAB):INADMITIDO



De verdade, creio que eu estou aqui muito mais para agradecer do que para esclarecer!!

MUITO, MAS MUITO OBRIGADA SENHOR, DE VERDADE!!!!!!
 Cada etapa vencida, cada vitória conquistada é uma resposta TUA à minha FÉ!!!!! Pois Tu conhece o meu coração e a minha história.. a discriminação sofrida por mim, na minha condição de mãe, por parte daqueles que, no ímpeto de esconderem as suas negligências e omissões no socorro à minha filha, tentando incutir em mim a culpa pelo que ocorria, acusando-me de super-protetora.. Adjetivo esse, que me perseguiu apesar das minhas crenças, pois acredito que o conceito da 'certeza absoluta' é tão irreal quanto perigosa. E por mais que a minha convicção  me afirmasse que o caminho escolhido para educar a minha filha era o correto, essa 'acusação' era um fantasma que me assombrava.
E, então, a resposta, que pra mim soou como uma absolvição final, veio por intermédio do Desembargador Ademir Pimentel:

"(..) No caso ora analisado, as implicâncias, agressões, xingamentos, passaram da normalidade pela simples leitura da agenda da menor e dos depoimentos prestados em audiência, não podendo considerar-se as manifestações da segunda autora como preocupação exagerada de mãe de filha única, como tentou demonstrar a ré, uma vez que os acontecimentos cotidianos exorbitaram de simples implicância entre crianças para problemas sérios com consequências igualmente sérias, conforme consta de laudos médicos e psicológicos constantes dos autos.(..)"

 E como não agradecer, de novo e, mais uma vez, aos queridos Dr Rodrigo Tavares de Salles e Dr Ivani Luiz da Costa pela coragem de acreditarem nessa causa, pela perspicácia, sabedoria, enfim.. por todo o trabalho executado, pela amizade e dedicação.

Ainda não acabou, né?! Nem sabemos quando vai terminar.. O caminho da Justiça, por vezes, é tão cheio de 'curvas'. Mas uma coisa eu posso dizer e com toda a certeza do mundo: Saber que podemos contar com VOCÊS, faz TODA a diferença, de verdade!!!!! Muito obrigada por existirem em nossas vidas \o/

Que Deus possa continuar abençoando e iluminando a vida de vocês, sempre!!

E por último, mas nem por isso menos importante, o meu agradecimento à minha mãe.. o meu exemplo de vida, a minha fortaleza!! Obrigada mãe, pelas palavras de consolo, pelo colo, pela 'força', por tuuudo..  Sem você mãe, eu não teria suportado!! 

E, claro, à minha filha: a razão e o motivo que me faz enxergar o mundo todo sob uma lente cor de rosa rs 
Você é a portadora das minhas melhores expectativas, filha. Obrigada por me escolher como tua mãe!!

Ai, então é isso, senão daqui a pouco eu começo a chorar rs
 Vamos nos falando..

Um beijo carinhoso à todos vocês.
Fiquem com Deus =)

Ellen Bianconi

SMEC promove caminhada da Paz e realiza apresentações sobre Bullying



A secretaria de educação e cultura de Aripuanã (SMEC), através do projeto “Minha Escola Luta Contra o Bullying: Todos pela Paz”, elaborado pela Psicóloga Joana Segantin Esteves, tem divulgado e sensibilizado alunos, pais e professores da rede de ensino do Município sobre o tema bullying, consequências e medidas preventivas a serem desenvolvidas pela rede escolar para diminuir o índice de casos de bullying no Município, contribuindo para que o respeito e cooperação façam parte da formação das crianças e adolescentes





Este projeto vem sendo apresentado para diretores e coordenadores das escolas, inclusive as escolas do campo, desde o mês de junho e foram expostos às propostas e explicitado como seria desenvolvido a metodologia para se trabalhar a temática do bullying com todas as series: educação infantil, ensino fundamental e médio.




A psicóloga Joana forneceu  materiais como artigos e vídeos para serem utilizados pelos professores na orientação e no desenvolvimento do projeto em sala. Segundo Joana, as escolas tem realizado, com grande empenho por parte dos professores e coordenação, atividades de vivências, através de diálogos e utilização de materiais didáticos, além de palestras, produções textuais, dinâmicas e dramatização. “Precisamos orientar os alunos sobre bullying, de suas implicações na área emocional e comportamental; construir e resgatar vínculos de cooperação e respeito; devemos ainda esclarecer o que significa o termo e promover troca de experiência entre os alunos, levando-os a perceberem os efeitos de seus comportamentos e sentimentos, para si próprios e para os outros”. 




Lembrando que a questão do bullying carece ser trabalhada de forma contínua nas escolas, dia 21 de setembro aconteceu uma caminhada pelo dia Internacional da Paz com alunos de varias escolas, municipais e estaduais, e à noite, no Centro de Formação Dardanelos, houve o encerramento das atividades com apresentações das escolas referente ao que foi desenvolvido durante o projeto.

Esta sensibilização se faz necessária diariamente visto que o índice de violência no Brasil, e no Mundo vem aumentando assustadoramente nos últimos tempos. Ações como esta, em parcerias ativas nesta luta, fazem com que os alunos se tornem cidadãos atuantes em busca de um amanhã melhor. “Quero parabenizar a todos que de forma voluntária e participativa fizeram parte da Caminhada Pela Paz. Se conseguirmos realmente plantar esta semente, que ela provavelmente dará bons frutos, sairemos com satisfação e a certeza de dever cumprido” destacou a secretaria de educação Rogéria Parra Merino de Macêdo.

Escolas que participam do projeto:
 
-Escola M. José Operário
-Escola M. Wilma Calvi Batistti
-Escola M. Maria Luiza do Nascimento Silva
-CEI Albertina
-CEI Raio de Sol
-CEI Primeiros Passos (Conselvan)
-Escola M. José Ary da Costa (Conselvan)
-Escola M. Tiradentes (Morena)
-Escola M. Deoclides de Macedo (Milagrosa)
-Escola M. Governador Fragelli (AR2)
-Escola M. José de Alencar (Lontra)
-Colégio São Gonçalo



Fonte: http://www.topnews.com.br/noticias_ver.php?id=6918




Acesso à arma foi determinante para a tragédia em São Caetano

O acesso a arma de fogo foi fator determinante para que o garoto David Mota Nogueira, de 10 anos, cometesse suicídio após ferir a professora Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, segundo especialistas da área médica. O crime aconteceu nesta quinta-feira (22), às 15h50.

De acordo com Ricardo Nogueira, psiquiatra e coordenador do Centro de Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio do Sistema de Saúde Mãe de Deus, no Rio Grande do Sul, casos de suicídio infantil são extremamente raros.

Segundo estudos da entidade, os índices de suicídio entre 15 e 19 anos são de apenas 7% das mortes contatadas. “Nesta idade, de 10 anos, os poucos casos registrados são de tentativas. Mais incomum ainda é o fato de que o suicídio tenha sido precedido de uma tentativa de homicídio. No entanto, isso só ocorreu porque a criança teve acesso a uma arma. Caso contrário, ela externaria sua frustração em forma de violência física, como vemos em muitos casos pelo Brasil atualmente”, afirma Nogueira.

Apenas um estudo do histórico médico do menino poderia indicar quais patologias poderiam ter levado a criança a tomar tal atitude, aponta o médico. “Este menino provavelmente tinha uma resistência muito baixa quanto à frustração, reagindo de forma psicótica e fora do normal a problemas de relacionamento com a professora. Ações de bullying por parte dos colegas também podem ter contribuído, mas não devem ter sido determinantes”, analisa Nogueira.

Os estudos ainda apontam que em 90% dos casos de suicídio havia histórico de tentativas ou mortes por suicídio na própria família da vítima, além de incidência de quadros de depressão. “Temos de ver também se essa criança fazia uso de drogas. Infelizmente, apesar da pouca idade, não se pode excluir essa possibilidade”, diz o psiquiatra.

Impulso

Para a psicóloga e professora da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Maria Regina Domingues Azevedo, o menino não premeditou tirar a própria vida, após atirar na professora. “Não acredito que ele tenha planejado se matar. Provavelmente foi um impulso momentâneo”, explica.

A especialista não aponta o bullying como um possível fator que levou David a cometer o crime. “Dificilmente ele se voltaria para a professora. Nesse caso, ele atiraria nos agressores, que seriam os estudantes. Um dos motivos pode estar na personalidade suscetível que o menino poderia ter. Vendo violência todos os dias na TV, no vídeo-game, nos desenhos animados, aliado ao cotidiano da família (o pai era Guarda Civil) pode ter levado a um distúrbio psicológico. Mas isso ainda é uma enorme interrogação”, avalia Maria Regina.

Crianças precisam de acompanhamento psicológico

Os 25 estudantes que estavam na sala de aula quando o garoto atirou na professora precisam de acompanhamento psicológico permanente, garante o psiquiatra Ricardo Nogueira. “Estas crianças levarão uma marca para toda a vida”, diz o médico.

Falar sobre o assunto pode ajudar, mas as crianças não devem ser forçadas, explica a psicóloga Maria Regina Domingues Azevedo. “Não pode ficar ‘cutucando’ a criança, perguntando a todo momento sobre o que ela presenciou. Se ela falar de forma natural, será benéfico para externar o que está sentindo sobre o assunto”.

 Fonte:  http://www.reporterdiario.com.br/Noticia/310722/acesso-a-arma-foi-determinante-para-tragedia-em-sao-caetano/

Pai denuncia caso de bullying no Alcina Feijão

Colégio de São Caetano do Sul, onde quinta-feira um menino de 10 anos atirou na professora e se matou, foi denunciado em 2008 após um aluno ter tentado suicídio por duas vezes alegando sofrer agressões dos colegas.

 

"Pai, não quero mais viver." A frase suicida saiu da boca de um menino de 11 anos, estudante da Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão, em 2008, e deflagrou uma investigação por bullying na Corregedoria Geral de São Caetano do Sul, no ABC. Na quinta-feira, o mesmo colégio foi palco da morte do estudante David Mota, de 10 anos, que se matou com um tiro na cabeça depois de atirar contra a professora Rosileide Queiros de Oliveira, que não corre risco de morte.

A família percebeu o sofrimento de K.C.S. no fim de 2008. Segundo o pai Sérgio Aciniro Sotana, 39, o menino chegava em casa sempre chorando. Dizia aos pais que a vida não tinha mais sentido e não queria voltar para a escola. O pai perguntava as razões, mas o menino não explicava. Diante do silêncio do filho, Sotana procurou o colégio. Nas reuniões, a coordenação pedagógica e as professoras diziam que o comportamento do filho era normal, e que não havia motivo para se preocupar.

O sinal mais claro da angústia de K. veio no final de novembro de 2008, quando o menino se jogou da laje da casa onde mora com a família, em Nova Gerty, em São Caetano do Sul. Caiu no primeiro parapeito e foi socorrido por um vizinho, sem ferimentos graves. Na mesma semana, K. tentou se jogar outra vez, mas foi contido pelo pai. "Disse ao meu filho que a vida dele era muito importante e eu moveria o mundo para poder ajudá-lo", lembra Sotana, emocionado.

Após a dupla tentativa de suicídio, o garoto começou tratamento psicológico, que não surtiu efeito. Foi encaminhado a um psiquiatra e, após dois meses, revelou à médica o motivo da tristeza. Alegou sofrer agressões físicas e psicológicas dos demais estudantes. Era chamado de "mulherzinha, viado e bicha-louca" por usar brinco e cabelo comprido. Colegas chegaram a asfixiá-lo pelo pescoço e empurrá-lo de uma escada.

Assim que soube o que acontecia, o pai procurou a escola mais de 10 vezes para resolver a situação. Apenas na Secretaria de Educação, protocolou seis denúncias contra o bullying.

"Até hoje, quase dois anos depois, meu filho continua sendo alvo de xingamentos diários. O bullying não mudou, quem mudou foi meu filho, que aprendeu a lidar melhor com a situação, após todo este tempo de tratamento psiquiátrico." Sotana acredita que muitas outras crianças passem pelo mesmo, sem que os pais saibam. "Elas sofrem caladas, sem coragem de contar aos pais." E, após o sepultamento desta , desabafou: "Quando vi o Davi no caixão, tive certeza de que ele poderia ser o meu filho".
 

 

Corregedoria apurou denúncia de maus-tratos
Investigação foi suspensa após recomendação de ciclos de debates entre alunos, pais e professores

Entre fevereiro e julho de 2009, a Corregedoria Geral de São Caetano do Sul abriu uma apuração preliminar para investigar a conduta da escola no episódio de bullying denunciado pelo pai do menino K.C.S. O Ministério Público e o Conselho Tutelar acompanharam o caso. Ao término do processo, o corregedor geral,  Mauro Ruffo, exigiu providência junto à direção da escola para a realização de um "círculo restaurativo", o que significa envolver alunos, pais, educadores e psicólogos para "atenuar" o problema. Diante da decisão, a apuração foi suspensa.

Procurada, a diretora Márcia Gallo não quis se manifestar. Desde 2009 as escolas municipais de São Caetano possuem um programa de esclarecimento sobre o bullying. A Prefeitura de São Caetano do Sul informou, pela assessoria de imprensa, que todos os esclarecimentos foram prestados oficialmente ao Ministério Público. O delegado Francisco José Alves Cardoso, da delegacia central da cidade, investiga se a morte de Davi Mota tem alguma relação com o bullying dentro da escola.

Entrevista
D._ Último colega a ver Davi com vida

'Brincamos de pega-pega no intervalo'

DIÁRIO_ Você conhecia o Davi há muito tempo?
D_ Conheço há dois anos, sempre brincamos juntos, tínhamos  amigos em comum. O Davi sentava na penúltima carteira e ninguém zoava com ele.

Você esteve com ele no dia dos tiros?
Sim. Brincamos de pega-pega no intervalo e voltamos para a última aula. O Davi foi ao banheiro e ninguém viu quando ele atirou.

O que você fez depois disto?
Saí da sala e, no corredor, encontrei o Davi, com a arma na mão. Perguntei: "e aí, Davi?". Ele respondeu "e aí" e deu um tiro na cabeça. Estava na escada. Vi quando ele caiu.

Pai deveria ter nos avisado do sumiço da arma, diz educadora
O desempenho escolar de Davi Mota, sepultado nesta sexta no Cemitério das Lágrimas em um caixão branco coberto com a bandeira do Santos, foi classificado como regular pela diretora Márcia Gallo e pela coordenadora-pedagógica Meire Bernadete Cunha. O menino de 10 anos, que nunca tirou nota vermelha, baleou a professora com a arma do pai, o guarda municipal Nilton Evangelista Nogueira, e se matou depois.

Meire questionou o fato de o pai ter ido até a escola antes da tragédia, à procura de uma arma, sem avisar os professores. "Se ele tivesse nos alertado, nós teríamos condições de revistar a mochila do Davi e esta tragédia talvez fosse evitada."
A delegada Lucy Fernandes disse que Nogueira pode responder por negligência, mas não está certa se vai indiciá-lo. À polícia, o pai afirmou que as crianças não sabiam onde ele guardava a arma. As testemunhas primordiaisl são o irmão de Davi, de 14 anos, e a professora que está na UTI.

Baleada chora e pede para família rezar pelo aluno
A professora Rosileide Queiros de Oliveira, baleada pelo menino de dez anos quando escrevia na lousa, chorou ao saber da morte de Davi e pediu aos parentes e amigos que rezem por ele. "Ela jamais imaginou que o aluno fizesse isso. Acho até que nem ele sabia o que fazia porque era só uma criança. Não houve premeditação", diz o namorado da vítima, Luiz Eduardo Hayakawa.

Na noite de quinta-feira ele chegou a dizer que a namorada já havia reclamado de Davi à diretoria por ele ser muito bagunceiro e ter problemas psicológicos, mas nesta sexta recuou e disse ter se confundido.

"Ela comentava comigo que na sala havia alunos que não deveriam estar lá porque tinham comportamentos diferente dos outros", explica o namorado.

Rosileide está internada no Hospital das Clínicas, onde se recupera da cirurgia  para a extração da bala. O projétil se alojou  na bacia, mas não atingiu nenhum órgão.  Segundo Luiz Eduardo, a professora comentou com ele que chegou a temer uma repetição da tragédia de Realengo, no Rio, ocorrida em abril deste ano, quando 12 crianças foram mortas por um ex-aluno. "Ela estava de costas e não viu o aluno entrar na classe", conta. Luiz afirma que o pânico aumentou quando Roseleide ouviu o segundo tiro. "Ela gritou para os alunos trancarem a porta da sala e chamar a diretora." A professora trabalha há seis anos na escola e nunca havia sofrido nenhum tipo de violência, segundo o namorado.

Criança escondeu a arma no banheiro
A Polícia Civil de São Caetano do Sul acredita que Davi Mota escondeu a arma no banheiro. Imagens do circuito interno da escola mostram a movimentação do garoto após ele ter atirado. Na noite desta sexta, funcionários da escola foram ouvidos.  Ana Paula Lima, professora de matemática da escola, confirmou que uma de  suas alunas ouviu Davi falando que mataria a professora na quinta-feira e se mataria depois por medo do que o pai poderia fazer com ele.


Fonte:
http://www.diariosp.com.br/_conteudo/2011/09/140944-pai+denuncia+caso+de+bullying+no+alcina+feijao.html

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cineducando: Cinema, educação e bullying

 A terceira edição da mostra tem como tema o bullying e sua influência sobre a violência nas escolas e na delinquência juvenil.

 

3º CINEDUCANDO – CINEMA, EDUCAÇÃOE BULLYING - A mostra dedicada ao cinema e à educação tem como tema o bullying, palavra de origem inglesa  que veio dar definição à violência juvenil no cenário escolar e que vem, nos últimos anos, ganhando contornos mais fortes e preocupantes. Os filmes da mostra abordam o tema e sinalizam para a urgência de discussões profundas sobre a violência nas escolas e a delinquência juvenil. Caixa Cultural, Av. Almirante Barroso, 25, Centro (2544-4080). Cinemas 1 e 2: 85 pessoas, cada sala.  R$ 2 e R$ 1 (meia). Grátis para professores. Acesso para portadores de necessidades especiais. Até 2 de outubro.

De 3ª (20/09) a 6ª (23/09), às 18h, serão realizadas oficinas de capacitação de professores, para uso do audiovisual em sala de aula. A oficina é gratuita e será ministrada pela equipe do Cineduc. Inscrição prévia: oficina @cineducando. com.br

Programação


3ª, às 16h: Juventude transviada, de  Nicholas Ray. Com James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo (EUA, 1955. Livre). Jim Stark é um rapaz problemático que vai parar numa delegacia, onde conhece os jovens Judy e Platão.  Judy é namorada de Buzz, o líder de uma gangue do colégio.  A rivalidade entre Jim e Buzz terá consequências trágicas.  Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro, Melhor Atriz Coadjuvante (Natalie Wood) e Melhor Ator Coadjuvante (Sal Mineo).

3ª, às 18h30: Bem-vindo à casa de bonecas, de Todd Solondz. Com Heather Matarazzo, Matthew Faber, Daria Kalinina (EUA, 1995. 12 anos).  Dawn Weiner é uma adolescente complexada e ridicularizada pelos colegas de escola. Seu relacionamento com sua família não é dos melhores. Ela deseja ser aceita de qualquer jeito e para isto planeja namorar um rapaz mais velho, que é muito popular, apesar disto ser totalmente improvável.  Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance.

 4ª, às 16h: Carrie, a estranha, de Brian De Palma. Com Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving, John Travolta (EUA, 1976. 1h38. 14 anos). Carrie White é uma garota com dificuldades de socialização. Sob a influência de sua mãe, uma fervorosa religiosa, ela se mantém isolada de todos. Porém, quando um popular garoto da escola a convida para ir ao baile, ela se surpreende e passa a viver uma noite de sonho.  Mas a noite não terminará como ela sonhou.  Indicado ao Oscar de Melhor Atriz (Sissy Spacek) e Melhor Atriz Coadjuvante (Piper Laurie).


4ª, às 18h30:  Se..., de Lindsay Anderson. Com Malcolm McDowell, David Wood, Richard Warwick, Christine Noonan (Reino Unido, 1968. 14 anos).  O cotidiano de uma escola é marcado pelo embate dos alunos, do conformismo à rebeldia, a partir de suas relações com o sistema opressivo da escola.  Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes.  

5ª, às 16h: Bullying – Provocações sem limites, de Josetxo San Mateo. Com Alberto Carbó, Carlos Fuentes, Nadeska Abreo (Espanha, 2009. 16 anos). Jordi é um adolescente que perdeu recentemente seu pai e que, junto à sua mãe, decide mudar de cidade para começar uma nova vida. Em princípio tudo parece bem, mas quando  Jordi passar pelo portão da nova escola, terá de enfrentar problemas inimagináveis.



5ª, às 18h30: Kes, de Ken Loach. Com David Bradley, Freddie Fletcher, Lynne Perrie (Reino Unido, 1969. 14 anos). Vivendo em um bairro pobre da cidade, um garoto não tem boas notas na escola, sempre apanha do irmão e é desprezado por todos. Um dia ele acha um Kestrel, um pequeno falcão, que passa a ser seu companheiro nos momentos de solidão.


   

No filme 'Kes', de Ken Loach, um menino tem um facão como seu único amigo

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

BULLYING, UMA ESPÉCIE DO GÊNERO VIOLÊNCIA


O presente artigo, baseado em pesquisas que fiz para ministrar palestras sobre o Bullying em escolas públicas e particulares,  tem como objetivo tratar das questões sobre a problemática dos comportamentos que podem ser enquadrados como  bullying, todavia, não têm a pretensão de inovar nem tampouco de esgotar o assunto, limitando-se a fazer uma abordagem didática ainda que superficial acerca do assunto.

Não da pra falar sobre comportamento bullying sem antes falar de um dos problemas que mais atinge a nossa sociedade nos dias atuais que é a violência, o gênero, do qual bullying é uma das espécies.
O uso da violência e os crimes bárbaros se multiplicam e se tornam tragicamente comum em nosso meio social, apavora, traumatiza e fere de morte a tranqüilidade social.

A violência esta tão banalizada em nossa sociedade que, parece que ela já passou a fazer parte do nosso quotidiano,  ela é diária, esta em toda parte e estamos com a impressão de que isso já é algo natural em nossas vidas, ou seja, estamos perdendo a nossa capacidade de indignação diante de um quadro tão alarmante.

E o pior de tudo isso é que a violência  vai se construindo em pequenas ações ou em grandes tragédias, da irritação no trânsito surgem verdadeiro monstros, dos bancos das escolas surgem assassinos contumazes e por ai vai, crescendo cada vez mais em nosso país, deixando o cidadão de bem como refém dessa escalada que parece não ter  fim.

A indagação que se faz é a de que, quais seriam as causas, a gênese desse mal que assola a nossa população e coloca em xeque a capacidade do Estado em promover a tão sonhada  paz social?
Uma das causa, acredito, se dá em razão de que há uma triste constatação que é a de que o nível de tolerância das pessoas diminuiu de sobremaneira e aumentou muito a sensibilidade à frustração e que as pessoas hoje têm tendência a responder com explosividade uma situação de frustração, por menor que ela seja.

E quem é que não fica frustrado no mundo de hoje? Num mundo em que o imediatismo é a palavra de ordem, que o consumismo e o modismo pregado diuturnamente pelos meios de comunicação  gera constantes sensação de que eu preciso a cada dia ter mais e ter o melhor e que,  se eu não tenho acesso às novidades sejam elas de que ordem for eu estou á margem do processo, estou excluído.

A propaganda violenta que entra pelas portas virtuais da nossa casa que são a televisão o rádio e pela rede mundial de computadores, (internet) me diz que eu não preciso ser mais eu  preciso ter.

Eu tenho que ter o tênis, o carro o celular, o computador o Ipod o Iped e não importa a que custo ou a quem custe, se eu não tiver eu não sou. Então eu tenho necessidade e se a minha necessidade não é satisfeita eu me frustro e se eu me frustro eu posso responder com violência a essa frustração.

E é exatamente essa necessidade desmedida, não atendida e o meu despreparo para lidar com essa situação de frustração é que se  manifesta muitas vezes como uma das causas desencadeante do aumento da violência e para o baixo grau de civilidade de nosso país.

O grau de civilidade de um país se mede pelo número de crimes com mortes que nele se registra. Em 2006 o Brasil registrou quase 50 mil assassinatos de acordo com a OMS, isso dá 137 nortes por dia. Para se ter uma idéia da gravidade que encerra esses números no Iraque em 2006, mesmo com a guerra o número de civis mortos foi de 34 mil de acordo com a ONU. Nós temos no Brasil aproximadamente 3 % da população do mundo e temos de 10 a 12 % do total dos assassinatos cometidos no  planeta.

Outro fator que reputo importante para contribuir com o aumento da violência e do baixo grau de civilidade de nosso país é o fato de a violência estar muito banalizada.

Banalizada a violência começa cada vez mais cedo, e o que é pior, ela esta começando dentro da escola o local onde as pessoas deveriam aprender a serem tolerantes, ponderadas, diplomáticas e a conviver com as adversidades.

Vemos que não é bem assim. Quando um aluno zoa, ofende, ignora, exclui, humilha, fere, persegue, discrimina, ele está sendo violento, muito embora haja pessoas que consideram isso uma brincadeiras de escola, por isso mesmo visto como próprio da idade, da convivência entre colegas, isso não deixa de ser um ato de violência.

Na verdade, essas ações escondem uma violência silenciosa que é o comportamento  bullying que envolve metade dos estudantes em todo país dizem as pesquisas.

O Bullying é um problema mundial, sempre encontrado em toda e qualquer escola,  não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição, primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana, pode se afirmar que as escolas que não admitem a ocorrência de bullying entre seus alunos, ou desconhecem o problema, ou se negam a enfrentá-lo.

A terminologia Bullying começou a ser utilizada na Década de 80, por um psicólogo norueguês conhecido por Dan Olweus, que começa a fazer um estudo depois de um acontecimento muito trágico, quando na Noruega, um dos países com maior índice de desenvolvimento humano do mundo,  3 rapazes se suicidaram, juntos, eles deixaram uma carta dizendo que há cinco anos sofriam humilhações, perseguições, por parte de tais e tais e tais pessoas que eram um grupo grande da escola, a partir daí o cientista começou a fazer uma pesquisa profunda e usou o termo BULLY  que significa em inglês, tirano, agressor, ditador, e derivou ele, por iniciativa própria  Dan Olweus, criou o termo BULLYING, para determinar toda a agressão que ocorre dentro do território escolar e suas cercanias.

É importante frisar que para que uma conduta seja considerada Bullying é importante que satisfaça certas características: tem que ocorrer no ambiente escolar; tem que ser intencional; tem que ser repetitiva e a vítima não tem como fazer frente a seu ou  seus agressores.

O Bullying em geral é coletivo mas pode ser praticado por um só aluno contra o outro. O agressor é geralmente intolerante, esta sempre metido em confusões, gosta de aparecer, age com o apoio de dois ou três colegas, precisa de platéia, a agressão pode ser física, verbal, moral ou psicológica.
Para combatermos efetivamente essa conduta que tem prejudicado muitas crianças e adolescentes indefesos nos temos que partir do princípio de que não há brincadeira quando alguém esta sofrendo e que essas práticas são mais comuns do que nós imaginamos e muitas pessoas estão sofrendo com isso.

Uma pesquisa do IBGE realizada em 2009 revelou que quase um terço (30,8%) dos estudantes brasileiros informou já ter sofrido bullying, sendo maioria das vítimas do sexo masculino. A maior proporção de ocorrências foi registrada em escolas privadas (35,9%), ao passo que nas públicas os casos atingiram 29,5% dos estudantes.

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com 5.168 alunos de 25 escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. Entre todos os entrevistados, pelo menos 17% estão envolvidos com o problema - seja intimidando alguém, sendo intimidados ou os dois. A forma mais comum é a cibernética, a partir do envio de e-mails ofensivos e difamação em sites de relacionamento como o Orkut.

Em 2009, uma pesquisa do IBGEapontou as cidades de Brasília e Belo Horizonte como as capitais brasileiras com maiores índices de assédio escolar, com 35,6% e 35,3%, respectivamente, de alunos que declararam esse tipo de violência nos últimos 30 dias.

Não se pode negar que o quadro é preocupante e que algo precisa ser feito o quanto antes para que o problema seja equacionado para que a médio e logo prazo possamos sentir os efeitos dessa medida.
Acredito que para minimizarmos esse problema precisamos focar nossas energias mais diretamente para a causa do que para os efeitos do problema da violência e que  precisamos ser mais duros no combate a todo tipo de intolerância, seja ela de que origem, espécie ou natureza for e mais eficientes na formação das nossas crianças que são o nosso maior legado para a posteridade.

Temos visto que nos dias atuais que as pessoas estão preocupadas em transformar o mundo e não transformar os homens, nós estamos preocupados em deixar um mundo melhor para os nossos filhos ao passo que a nossa preocupação deveria ser exatamente ao contrário, deveríamos todos estar mais preocupados em deixar filhos melhores para o nosso mundo. Eis a questão!

Messias Furtado de Souza
Delegado de Polícia
Fátima do Sul - MS

Fonte: http://www.fatimanews.com.br/noticias/leia-o-artigo-bullying-uma-especie-do-genero-violencia-por-messias-fur_123487/

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Suicídio é uma das graves consequências do bullying


** Por que o bullying, no âmbito escolar, não pode ser negligenciado? Por que ele dever controlado e prevenido? Uma resposta padrão seria a seguinte: “O bullying faz mal ao aluno, prejudica seu rendimento escolar, sua atenção em sala de aula, seu desempenho esportivo, sua alimentação e seu bom relacionamento com os coleguinhas.”

Não há dúvida que somente essas razões já seriam suficientes para que a devida atenção fosse dispensada ao fenômeno, no entanto, as desgraças desencadeadas pelo bullying são muito mais tenebrosas do que se possa imaginar.

A violência causada pelo bullying não se relaciona, meramente, aos maus-tratos à vítima. Vai além, a ação reiterada do bullie (agressor) pode lhe acarretar graves e irreversíveis danos.

Os danos vão desde o medo e pânico de ir à escola, a faltas sistemáticas dos alunos (apenas nos Estados Unidos, cerca de 160 mil estudantes deixam de ir para a escola, diariamente, por causa do bullying[1]), o estresse, a raiva, a impotência, até o pleno descontrole e desespero. Este último, somado aos demais sentimentos torturantes e depressivos, podem criar a vergonha tóxica[2].

Tóxica ou venenosa! O jovem tem tanta vergonha de sua condição de vulnerabilidade frente ao bullie, que se sente imprestável e questiona a importância e necessidade de sua existência. Neste estágio, a vergonha tóxica deixa de agir apenas sobre o seu intelecto e pode lhe causar desde a automutilação (ocasião em que a vítima se corta para aliviar a dor causada pelo bullying) até o próprio suicídio.

Exatamente! O suicídio é a consequência mais grave e temerosa das vítimas de bullying. É o caso da criança ou do adolescente que se encontra num nível de depressão tão absoluto e/ou apresenta problemas psíquicos irreversíveis que chegam ao extremo do bullycídio (palavra originada da fusão de bullying com suicídio).
Aos mais desavisados, pensar numa consequência trágica como o bullycídio é improvável ou um exagero.
Ledo engano!

A Universidade de Yale dos Estados Unidos analisou 37 pesquisas mundiais que relacionam o bullying como uma das principais causas do suicídio de crianças e adolescentes. E mais, o suicídio é a 3ª maior causa de mortalidade no mundo, nesta faixa etária, atrás apenas dos acidentes de trânsito e homicídios (para verificar a pesquisa na íntegra, clique aqui).
Os insultos, xingamentos e humilhações constantes (exemplo de manifestações verbais que o bullying assume) podem repercutir tragicamente, ainda que não haja nenhuma violência física.

Seja físico ou psicológico, o impacto que gera na vítima é tão expressivo que faz com que o bullying, além de ser um dos principais motivos de suicídios de crianças e adolescentes (a 3ª maior causa de mortalidade nesta faixa etária), seja também o responsável por cerca de 19 mil tentativas de suicídios ao ano apenas nos Estados Unidos.

A pesquisa também revelou que 19% dos alunos entrevistados pensaram em se suicidar; 15% traçaram estratégias para cometer o suicídio; 8,8% executaram os planos suicidas e foram interrompidos por outrem e, 2,6% foi a porcentagem das tentativas sérias o bastante que exigiram intervenções e acompanhamento médicos permanentes.

Dentre os casos mais chocantes de bullycídio, podemos mencionar o do aluno Curtis Taylor, da escola secundária em Iowa, Estados Unidos, vítima por três anos ininterruptos de violência escolar (espancamentos no vestiário, pertences danificados e arremessos diários de leite achocolatado em sua camisa), que se suicidou em 21 de março de 1993.

Ou, ainda, o trágico episódio que ocorreu com Jeremy Wade Delle. O estudante se matou aos 15 anos dentro da sala de aula, na presença dos demais alunos e da professora, como forma protesto ao bullying sofrido (em 8 de janeiro de 1991, numa escola do Texas nos Estados Unidos).
Assim, as consequências do bullying vão além dos problemas de rendimento escolar ou relacionamento social do aluno. Além de catastróficas, como nos casos de automutilação das vítimas, elas podem ser fatais (bullycídio).

A constatação é empírica, numérica. A gravidade do tema está evidenciada pela análise real dos fatos e não por um caráter meramente opinativo.

Portanto, se os problemas em âmbitos educacionais nem sempre foram suficientes para chamar a atenção de alunos, professores, pais e autoridades sobre toda a problematização do bullying, que tal agora pensarmos nas mortes que dele decorrem?

Esta subespécie de violência exige mais do que atenção e cuidado, necessita de programas preventivos antibullying.

Explorar o tema mediante vídeos chocantes é um caminho. Ao dramatizar a questão e impressionar os telespectadores (sobretudo os jovens), estimula-se a conscientização sobre as perversidades decorrentes de suas ações.


** Natália Macedo é advogada, pós-graduanda em Ciências Penais e Pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes.

[1] Dados extraídos da pesquisa desenvolvida pela National Association of School Psychologists.

[2] A vergonha tóxica é tratada por Allan L. Beane, no livro: “Proteja seu filho do Bullying”.

Luiz Flávio Gomes é doutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri e mestre em Direito Penal pela USP. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), juiz de Direito (1983 a 1998) e advogado (1999 a 2001). É autor do Blog do Professor Luiz Flávio Gomes.

Revista Consultor Jurídico, 8 de setembro de 2011

Empresas querem prevenir bullying no trabalho

Número de processos julgados sobre o tema no TST cresceu 44% em um ano

 

 As brincadeirinhas e piadinhas de mau gosto de escritório podem estar chegando ao fim. Cada vez mais empresas estão firmando acordos com os sindicatos da categoria para coibir o assédio moral e adotando canais como ouvidorias para receberem reclamações de comportamentos não adequado ao ambiente de trabalho. As medidas fazem parte de um pacote de prevenção contra ações trabalhistas desse tipo de assédio, que as companhias vem sofrendo progressivamente.

 

Só o TST (Tribunal Superior do Trabalho) julgou 656 processos de assédio moral em 2010, 44% a mais do que no ano anterior. Segundo dados do Ministério Público do Trabalho da 2ª Região, que abrange o Estado de São Paulo, as autuações para investigação de denúncias de assédio moral no trabalho chegaram a 216 no ano passado, número quase igual a 2009, quando foram registradas 220 autuações.

Acordo

Em janeiro deste ano, os principais bancos do país (Bradesco, Itaú, Santander, HSBC, Citi, Votorantim, Safra, BIC Banco e Caixa Econômica Federal) firmaram um acordo com os bancários para combater os casos de assédio moral. Entre as medidas adotadas está a criação de um canal de comunicação interno para denunciar os maus tratos psicológicos sofridos pelos trabalhadores.

O acordo aponta, em seu parágrafo primeiro, que “O objetivo do presente Acordo Coletivo de Trabalho Aditivo voltado à prevenção de conflitos no ambiente de trabalho é promover a prática de ações e comportamentos adequados dos empregados dos bancos aderentes, que possam prevenir conflitos indesejáveis no ambiente de trabalho.”

A médica do trabalho Margarida Barreto, uma das pioneiras no Brasil a tratar do tema, afirma que um ato isolado de humilhação não é assédio moral. “Este, pressupõe: repetição sistemática, intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego), direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório), temporalidade (durante a jornada, por dias e meses) e a degradação deliberada das condições de trabalho.”

Entre iguais

Apesar de o tipo de assédio moral que mais se ouve falar seja o vertical, ou seja, do chefe em relação aos subordinados, o assédio horizontal, aquele que acontece entre profissionais de mesmo nível hierárquico, também causa danos profundos no assediado, além de ser muito mais comum do que se imagina.
Recentemente, o Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais acatou a decisão de uma juíza de primeira instância que determinou que a empresa fosse condenada a pagar uma indenização a um ex-funcionário por não ter coibido o assédio moral horizontal.

Margarida afirma que o assédio moral no local de trabalho frequentemente envolve o abuso ou mau uso do poder. “A prática do bullying inclui comportamentos que intimidam, denigrem, ofendem ou humilham um trabalhador, normalmente na frente de outras pessoas. Essas atitudes criam sentimentos de impotência no alvo e minimiza o direito do indivíduo à dignidade no trabalho.”

Constrangimento frequente

Quando o assédio é feito por profissionais de mesmo nível hierárquico é comum que a raiz da violência esteja na concorrência ou na dificuldade que os grupos têm de conviver com as diferenças. “Por exemplo, a mulher em grupo de homens, homem em grupo de mulheres, homossexualidade, diferença racial, religiosa, entre outras”, acrescenta Margarida.

O psicólogo Dirceu Moreira, escritor e consultor de RH, lembra que o assédio moral só é caracterizado pela permanência da conduta. Caso a brincadeira de mau gosto seja pontual, ela não passará disso, de um mal-entendido passageiro.

Mas, para quem é vítima dessa violência, é fácil saber quando se está sendo assediado. “A pessoa fica constrangida e não consegue confrontar o outro, mesmo que seja um par dele, porque sua autoestima já está abalada. Daí, ele só tende a piorar”, explica Moreira. 

Fonte: http://economia.ig.com.br/carreiras/empresas+querem+prevenir+bullying+no+trabalho/n1597187623965.html


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

'Bullying não é um ritual de passagem'


'Bullying não é ritual de passagem' diz adjunta do Departamento de Educação dos EUA




RIO - Responsável pelas políticas contra a discriminação em escolas e universidades americanas, a secretária adjunta de Educação para os Direitos Civis dos Estados Unidos, Russlynn Ali, é radical na sua posição sobre o bullying. Para ela, é preciso mudar a noção de que certas atitudes são normais e fazem parte do amadurecimento de crianças e adolescentes. Apesar da existência de leis federais contra a discriminação nas instituições de ensino, a secretária reconhece que uma efetiva mudança de postura dos agressores depende, em grande parte, do engajamento das próprias comunidades. Preocupada, ela resume o problema: "Estamos machucando nossas crianças."

Em visita ao Brasil para promover um intercâmbio de conhecimento na área, Russlynn destaca semelhanças entre os dois países e fala sobre um grande desafio na educação americana: reduzir a diferença no nível de aprendizado entre jovens brancos e seus colegas negros e hispânicos. Como, em 2050, as atuais minorias serão majoritárias na população adulta dos Estados Unidos, a secretária adjunta crê que a igualdade de oportunidades não é apenas uma questão moral, mas também econômica e demográfica.



Qual o maior desafio nos Estados Unidos, hoje, em relação aos direitos civis na educação?

RUSSLYNN: O país está experimentando agora uma mudança demográfica muito grande. A previsão é que, por volta de 2023, a maioria dos estudantes em escolas públicas seja negra ou hispânica. Em 2050, eles serão a maior parte dos adultos. Quando você observa a diferença de aprendizado entre esses grupos e os brancos, constata que é imensa. Pelo menos um estudo já revelou que o nível de conhecimento em leitura e matemática de negros e hispânicos, no fim do ensino médio, é igual ao de brancos no fim do ensino fundamental. Esse abismo representa anos de aprendizado ruim. Isso não é mais só uma questão moral. É uma questão demográfica e econômica. Se não acabarmos com essa diferença, devemos nos preocupar com nosso lugar na economia mundial.


Há alguma preocupação em particular nessa área?

RUSSLYNN ALI: Não há um problema particular quando falamos de direitos civis na educação. Trata-se de garantir a todos os estudantes o acesso às mesmas oportunidades, a bons professores, a todas as coisas que as pesquisas indicam como importantes para a educação pública. Se vamos acabar com essa diferença de aprendizado nos Estados Unidos, precisamos garantir que negros, hispânicos e pobres tenham o mesmo resultado dos brancos e ricos. É claro que precisamos acelerar o processo de quem ficou para trás. Mas também precisamos garantir que estamos ajudando todos os nossos estudantes a aprender mais, de forma que sejam capazes de fazer mais, para que entrem na universidade preparados e, depois, cheguem ao mercado com as habilidades necessárias.


Como avalia o problema do bullying nos Estados Unidos?

RUSSLYNNI: Os estudantes vítimas de bullying se sentem inseguros e, por isso, não conseguem aprender. Nossas leis contra a discriminação, relacionadas a esse tema, garantem que os adultos têm responsabilidade. Eles têm a obrigação de deter, repreender e evitar que aconteça novamente, sempre que a prática de bullying torne o ambiente ameaçador para a vítima. Na nossa administração, trabalhamos para dar todo o suporte às instituições de ensino, de forma que elas possam entender o problema e agir. É preciso mudar a cultura desses lugares, que, muitas vezes, dá origem ao bullying. Ano passado, demos muita atenção aos suicídios juvenis, que ocorreram porque os estudantes eram vítimas. Queremos garantir que isso não acontecerá novamente.


Há uma certa noção de que o bullying é normal?

RUSSLYNN: O presidente Obama reconhece que muita gente vê o bullying como um ritual de passagem. O que nós queremos é mudar esse paradigma. As leis ocupam um papel importante, mas também é preciso mudar a maneira como pensamos. A legislação enfoca uma situação muito grave, quando o próprio ambiente de aprendizado se torna uma ameaça. É preciso combater o bullying não só em situações-limite. Temos que compreender que a prática não é um ritual de passagem, não faz parte do crescimento ou da vida na escola. Estamos machucando as nossas crianças.


A mudança demográfica em curso agrava esse quadro?

RUSSLYNN: Não há apenas uma causa. Esses problemas não são restritos a conflitos entre negros e hispânicos ou negros e brancos. Há rivalidades dentro desses próprios grupos, especialmente no caso de nacionalidades diferentes.
Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, estudantes de uma mesma sala de aula são muito diferentes entre si.


 Como lidar com um grande contingente e, ao mesmo tempo, compreender as necessidades individuais?

RUSSLYNN: Não existe uma resposta certa. O fato é que há de se encampar a diversidade como um valor importante, ensinando tolerância. Estudantes não vêm etiquetados em caixas. Nossa missão é garantir que todos consigam se formar na faculdade e seguir uma carreira. Como fazemos isso? Baseando-nos naquilo de que eles precisam. Estamos coletando dados de uma maneira como nunca fizemos. Queremos compreender como cada estudante se desenvolve, para que possamos identificar os problemas e encontrar soluções.


A senhora acredita que ações afirmativas baseadas em critérios raciais podem gerar problemas?

RUSSLYNN: Esta é uma pergunta difícil de ser respondida, porque depende de como cada programa é implementado. Aqui, eu tive a oportunidade de estar com pesquisadores, professores e com estudantes beneficiados por essas ações. Eles são jovens brilhantes, e pude ver as contribuições que já estão fazendo. Se não tivessem essa oportunidade, seria um desserviço, não só para eles, mas para a sociedade como um todo. Não há apenas uma solução para acabar com as diferenças de acesso à educação superior, mas a política de ações afirmativas é uma delas. E fazer isso não é apenas uma questão moral. É uma questão econômica e demográfica também.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/09/04/bullying-nao-um-ritual-de-passagem-diz-secretaria-adjunta-do-departamento-de-educacao-dos-eua-925285067.asp